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Assuma as rédeas de sua vida

Não há nada especificamente de errado com a "forma convencional de se viver", o problema em si é que a grande maioria das pessoas não se adapta à ela; isto porque não existe uma forma correta de se viver... Por Franciane Ulaf

Por Franciane Ulaf

Grande parte da humanidade parece viver em piloto automático. Nasce, recebe uma educação padronizada de acordo com a cultura da região, cresce tomando o mesmo caminho de seus semelhantes, o caminho considerado "normal" por sua sociedade. Toma decisões baseadas no senso comum, tem suas crenças e valores "ditadas" por algo exterior, a sociedade, a cultura, a família, a religião... Poucos param para refletir se a forma como levam a vida realmente os satisfaz, o se o que fazem, pensam, acreditam é simplesmente um "padrão", algo comum a todos dentro do mesmo grupo social, algo tido como convencional, tradicional. Não há nada especificamente de errado com a "forma convencional de se viver", o problema em si é que a grande maioria das pessoas não se adapta à ela; isto porque não existe uma forma correta de se viver, de se tomar decisões, enfim, é impossível rotular o que todos devem fazer, pensar ou acreditar. Essa é a principal causa de depressão ou qualquer problema de inadequação social.

Em determinada fase da vida, um indivíduo se encontra com ele mesmo, e ao ouvir sua própria voz, e refletir sobre seus passos e decisões ao longo do caminho, chega à conclusão de que não é feliz. De que durante toda a sua vida fez o que os outros queriam que fizesse ou o que "era certo fazer". Olhando no espelho, não se reconhece, sua autenticidade acabou se perdendo em meio à tantas influências externas. Acabou não se tornando a pessoa que um dia quis ser. Acabou não realizando nenhum de seus sonhos. É um estranho a imagem que vê refletida no espelho.

Neste momento, sente todo o peso do mundo em suas costas. O peso da decepção, do fracasso, da desilusão. Não há mais auto-estima, não há mais esperança de que um dia seus sonhos venham a se realizar, pois não há mais tempo, não há mais coragem, a vida já passou e levou as oportunidades.

No momento do encontro de um homem com ele mesmo é que a verdade vêm à tona. A vida precisa ser vivida de dentro para fora.

Soberania

Você é o soberano absoluto da sua vida. É o autor e ator principal. Quem faz a sua história é você mesmo, através das escolhas e decisões que marcam seu caminho. Assumir a soberania da própria vida implica em responsabilidade, iniciativa, coragem, liberdade e poder. A partir do momento em que você decide ser soberano de si mesmo, não há mais em quem colocar a culpa por seus problemas e erros, não há mais um caminho certo à seguir, um roteiro. Isto o torna totalmente livre, as decisões não mais são tomadas levando em conta considerações externas, mas somente a vontade pessoal. Essa liberdade assusta. É muito mais cômodo e fácil colocar a culpa por algum fracasso qualquer em alguém, em Deus, na vida, no governo, na globalização, ao invés de assumir as próprias imperfeições. É muito difícil fazer escolhas baseando-se na própria voz interior, pois ao escuta-la, também virão à tona medos, inseguranças e verdades que não queremos ver sobre nós mesmos. É mais fácil tomar essa decisão com base no senso comum ou na vontade de outrem, pois se não der certo, "a culpa não será sua". É muito fácil "ter esperança" ou "pedir à Deus" que resolva seus problemas ou lhe traga o sucesso, ao invés de por a mão na massa, juntar coragem, iniciativa e vontade e seguir em frente. Não tenho nada contra crenças, mas apegar-se à isso para resolver seus problemas ao invés de agir, certamente não o levará a lugar algum.

Enfim, colocar a vida no piloto automático é muito fácil, o problema é que isso não lhe trará realização pessoal. Se você não se importa com isso e prefere morrer como o homem que se encontrou com ele mesmo, tudo bem, você é livre para tomar a decisão que quiser, por isso mesmo é que pode neste momento escolher não mais viver em "stand-by" e tomar as rédeas da sua vida.

Referencial

O primeiro passo para quem quer ser soberano de si mesmo é descartar de vez o referencial externo como fonte de decisões pessoais. Pode-se considerar como referencial externo tudo o que não venha de dentro de você como atitudes convencionais, tradições, opiniões alheias, modismos...

Tomar decisões e viver segundo seu referencial interno implica em confiar em si mesmo e escolher escutando sua voz interior. Deixar de fazer algo que lhe dá prazer porque alguém próximo ou a sociedade não aprova é um boicote à si mesmo, uma auto-sabotagem. Atitudes simples como deixar de usar uma roupa porque o parceiro(a) não gosta da cor, deixar de brincar num parque de diversões por temer ser considerado "ridículo" aos poucos vão minando a auto-estima, a autenticidade, a pessoa passa a viver como um robô com respostas pré-determinadas aos estímulos e sem poder de decisão sobre a própria vida. Numa situação maior de escolha, ela não saberá que atitude tomar, se continuar a adotar o referencial externo, escolherá o caminho convencional ou pedirá a opinião de pessoas próximas, e acabará tomando uma decisão que não satisfaz sua necessidade interna, uma decisão que provavelmente o fará infeliz.

Satisfação pessoal

A chave para começar a tomar decisões com base no seu referencial interno é sempre buscar a satisfação pessoal que resulta de cada decisão e analisar suas conseqüências.

A cada pequena ou grande decisão que for tomar, pergunte-se:

  • Isto realmente me satisfaz ou eu estou fazendo isto para satisfazer as expectativas de outra pessoa?
  • Qual a conseqüência dessa minha decisão?
  • Estou disposto a arcar com a responsabilidade sobre ela?

A análise da conseqüência é importante, pois quando você começa a escolher por si mesmo, a ser soberano da própria vida não há mais em quem colocar a culpa caso as coisas dêem errado, o que você faz da vida é responsabilidade sua.

Uma vida feliz é o resultado de escolhas feitas de dentro para fora. Muitos buscam a felicidade como algo grandioso, sem perceber que ela está na satisfação de pequenas decisões.

Liberdade e auto-conhecimento

Não há como utilizar um referencial interno quando se está preso a algo suficientemente forte para comandar escolhas como ideologias, religiões, outras pessoas, sociedade, cultura. No entanto, não há como se livrar de tudo isso, pois vivemos em comunidades e sofremos estas influências o tempo todo, mesmo sem perceber. A saída é o autoconhecimento. Quem se conhece bem, sabe que por mais que seja bombardeado por opiniões contrárias às suas, não será "corrompido" ou influenciado por elas. É perfeitamente possível conviver pacificamente com todos esses fatores influenciadores, sem tornar-se subversivo, nem render-se à eles. Sem o autoconhecimento a pessoa não sabe o que é melhor para si, na verdade, não sabe nem quem é, isto a torna influenciável, num momento crítico, vai buscar ajuda em todos os lugares fora de si, e se eventualmente olhar para dentro, não conseguirá distinguir-se em meio à confusão que se tornou o seu interior. Depois de uma vida sendo influenciada por tudo e todos, não sabe mais o que é verdadeiramente seu e o que veio de fora.

Franciane Ulaf é escritora e consultora em desenvolvimento humano e planejamento de vida.

Site: www.francianeulaf.com/pep

E-mail: pep@francianeulaf.com



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