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Em tempos de crise, surge o líder século XXI

Desde o final de 2008, vivemos uma das maiores crises econômicas da história do mundo e ainda procuramos alternativas para sair dela. Por Heloisa Capelas

Por Heloisa Capelas

Desde o final de 2008, vivemos uma das maiores crises econômicas da história do mundo e ainda procuramos alternativas para sair dela. No entanto, o que encontramos até o momento foram alternativas paliativas de sobrevivência: planos de socorro para atender emergências que ajudam apenas a algumas pessoas estão sendo sugeridos e implantados em todo o mundo. Porém, o momento exige mais que apenas estado de emergência, mas a mudança do rumo dos negócios. E, apenas quem poderá indicar um novo jeito de lidar com a crise e como sair dela poderá ser o líder do Século XXI.

 

Nada de Messias ou Salvador, estamos falando de uma liderança múltipla espalhada pelo mundo e que poderá surgir dos lugares menos possíveis, um líder pronto e disposto a mudar paradigmas. Não uma ilusão infantil ou esperança tola, mas uma realidade possível e próxima que pode ser construída.

 

No passado, acreditávamos que o líder era nato. Isto é, nascia pronto e seria líder onde quer que estivesse. Hoje, já sabemos que esse talento pode ser despertado e ensinado, além de ser amadurecido em quem já o tem desde a infância. Para isso, o individuo precisa, por mais incrível que possa parecer, de treino.

 

É possível que aceleremos o nosso processo de crescimento e mudança, mas só o conseguimos quando mantemos o "foco" e "disciplina", que é da onde nasce a grande mudança. Até hoje, o foco das pessoas no mercado têm sido “para fora", “para os outros", “para o mercado" ou, em outras palavras, para a economia, instituições, governos e governantes. Isso gerou inúmeros problemas, como a destruição do nosso planeta, a guerra em todos os níveis, a diferença social, e, acima de tudo, a insatisfação pessoal. Mudar esse panorama é mudar o jeito de ver e de fazer e, desta maneira, a grande virada acontecerá, mas apenas para as pessoas que tiverem coragem de olhar para elas mesmas.

 

A receita para isso é antiga, mas ainda possui poucos adeptos. Muito se tem escrito e pouco se tem praticado, isto porque o ato de "olhar-se" exige, além da coragem, amor por si mesmo. Amar-se, para a maioria, ainda é repetir o velho paradigma de não querer mudar por medo. Dentro desse paradigma, as chances do autoconhecimento ficam restritas, pois a tendência é evitar saber de si mesmo, da sua fragilidade, inconstância, insegurança, já que daí pode nascer um medo de se sentir excluído e punido, bem como de punir-se.

 

A nova idéia é olhar-se com honestidade e abertura, por inteiro e reconhecer o mais belo, forte e poderoso atributo que temos: nossa humanidade, ainda que isso cause medo e estranhamento em um primeiro momento. Somos humanos e essa característica é a que escondemos quando valorizamos, sem perceber, o externo em detrimento de nós mesmos.

 

A saída ou alternativa mais eficaz para esse tempo de crise é despertar o líder humano que existe em você, isto é, o líder que possa reconhecer suas qualidades e suas fraquezas, seu potencial e suas deficiências. Para isso é fundamental "passar a vida a limpo" desde a concepção da mesma até a vida atual e descobrir, com clareza, como "você se tornou a pessoa que você se tornou".

 

A partir daí, passamos por um processo de transformação emocional. O novo líder será aquele que voluntariamente se apropriar de todo o seu bem e todo o seu mal, isto é, de sua humanidade. Ser humano significa dualidade e incompletude. Amar-se por inteiro é o que vai dar ao líder a qualidade que o momento exige.

 

Hoje, já é possível saber quem somos, de onde viemos e que escolhas podemos fazer nesse mundo. No entanto, esse conhecimento não virá do professor, do mercado, da mídia ou do outro, apenas de você mesmo. Programas educacionais focam na construção de habilidades e na aprendizagem cognitiva, enquanto programas transformativos corroboram a perspectiva anterior da pessoa, incluindo sua compreensão de si mesma.

 

O líder que nasce pronto continuará perpetuando a insatisfação instalada, no entanto, o líder do século XXI, aquele que já se aprofundou no autoconhecimento, será preparado, descoberto e escolhido por ele mesmo, tornando-se capaz de mudar o mundo e enfrentar a crise com novas possibilidades. Experimentar a autoconsciência será o caminho para transformar o executivo, empresário, doutor, presidente e líder em geral em um ser humano preparado para indicar um novo jeito de caminhar.

 

O líder do século XXI sabe onde está e onde quer chegar, pois é líder de si mesmo. Ele abandona as máscaras e assume, com propriedade, o seu lugar no mundo sem convocar, impor, ameaçar, implorar, mas simplesmente caminhar, tendo os outros o seguindo com prazer e satisfação. Este não é um projeto milagroso e já está acontecendo. Talvez se mais pessoas soubessem, o processo seria acelerado e, quem sabe, ainda será possível sair da crise com dignidade e crescimento.

 

Heloisa Capelas é terapeuta familiar especializada em reeducação emocional e Diretora Terapêutica do Centro Hoffman.



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