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Seleção por afinidade

Mais do que competências, empresas buscam profissionais que tenham valores compatíveis com os seus. Por Hélio Terra 

Por Hélio Terra

Ter a melhor formação e anos de experiência na área de atuação ainda são requisitos importantes para os headhunters, mas não suficientes. Mais do que nunca, as empresas agora estão preocupadas em contratar profissionais que se adequem aos seus valores e à sua cultura.

Elas perceberam que recrutar profissionais cujos valores pessoais estejam alinhados aos seus é o caminho certo para ter uma equipe integrada e obter os melhores resultados. Isso, porém, não significa que elas estejam abdicando da excelência e do foco em resultados, mas sim que, além de entregar esses resultados, o profissional precisa cumprir suas tarefas de maneira condizente com os valores da empresa.

Com essa nova exigência, o trabalho de recrutamento e seleção ficou ainda mais rigoroso e complexo, pois não adianta encontrar o melhor profissional do mercado para determinada vaga se ele não se identifica com o que a empresa acredita e prega.

Assim, os processos seletivos podem até demorar mais tempo, mas as contratações serão mais assertivas e duradouras, e as empresas têm conhecimento disso. Por isso, muitas delas nem divulgam seus nomes nas primeiras etapas dos processos seletivos, apenas informações relacionadas a sua missão e seus conceitos, pois elas não querem atrair os profissionais pela marca, mas sim pelos valores compartilhados.

Essa mudança na forma de conduzir os processos de contratação não é apenas uma ação para criar um clima melhor dentro das organizações, é acima de tudo uma estratégia para gerar melhores resultados e crescer. E ela surgiu depois que muitas companhias, que cresceram abruptamente e tiveram que contratar às pressas, tiveram seus resultados afetados negativamente com o passar do tempo, por terem focado apenas nas competências dos profissionais e não na sua afinidade com a cultura da empresa.

A Natura, maior empresa de cosméticos do País e conhecida por combinar sua estratégia de negócios com ações de responsabilidade social, é um exemplo disso. Nos últimos anos, ela cresceu tanto que teve que fazer contratações em massa, o que acabou trazendo para a companhia pessoas não alinhadas com os seus valores. Com o tempo, porém, o resultado foi perda de mercado, piora no clima e aumento na rotatividade de funcionários. A experiência negativa serviu como uma lição para a companhia, que implantou recentemente uma série de mudanças estruturais em seu processo seletivo.

É importante ressaltar, no entanto, que essa seleção por afinidade não é produtiva apenas para a empresa, mas também para o funcionário. Há muitos profissionais que já perceberam essa importância e são capazes de trocar altos salários por ganhos menores, porém em companhias que têm valores compatíveis com os seus. Eles sabem que essa relação será mais produtiva e duradoura e se sentem mais confortáveis em encarar esse desafio.

Para os profissionais que estão em busca de uma oportunidade, o novo conceito de recrutamento também serve como alerta. Se você tem um currículo excelente, mas não tem sido aprovado em entrevistas de emprego, isso provavelmente ocorreu por falta de compatibilidade de valores. Talvez seja a hora de reforçar a sua busca, focando em empresas que sejam condizentes com o que você acredita. Não tenha dúvida de que essa parceria será excelente para ambos.

Hélio Rangel Terra, formado em Ciências Contábeis com pós-graduação em Harvard, é Presidente da Ricardo Xavier Recursos Humanos.

e-mail: helioterra@ricardoxavier.com.br

Site: www.ricardoxavier.com.br



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